Djokovic projeta parceria com João Fonseca após aposentadoria e agita o US Open 2025

Artigo do Blog

setembro 4, 2025 Bruno Braga 0 Comentários
Djokovic projeta parceria com João Fonseca após aposentadoria e agita o US Open 2025

Um anúncio meio em tom de brincadeira que mexe com o circuito

Bastou uma frase para incendiar o US Open 2025: Djokovic disse que quer treinar João Fonseca quando pendurar a raquete. Soou como meia brincadeira, mas com um fundo bem sério. Em conversa com a imprensa no torneio, o sérvio abriu uma janela rara sobre o próprio futuro e, de quebra, apontou um possível herdeiro para investir tempo e conhecimento. “Meu plano depois de me aposentar do tênis é treinar o [João] Fonseca”, cravou. Na sequência, soltou a ironia que virou manchete: “Vou ser bem caro para ele”.

O comentário não veio do nada. Ao longo de 2025, o número 1 em semanas no topo do ranking da ATP vem repetindo elogios ao brasileiro. Em março, no Miami Open, ele descreveu Fonseca como assunto do circuito e destacou a solidez mental de um garoto que ainda está no começo no nível mais alto. Depois de uma vitória na terceira rodada, Djokovic detalhou o que enxerga no carioca: potência dos dois lados, saque pesado e jogo completo para a idade. Mais do que a batida na bola, segundo ele, impressiona a forma como o jovem lida com a pressão.

Esse pano de fundo explica por que a fala em Nova York ganhou corpo. Não é só o melhor jogador da era moderna bajulando um talento promissor; é um veterano de 37 anos, com quilometragem infinita em grandes palcos, sinalizando que pretende transformar admiração em trabalho. E isso, no tênis, é uma proposta que muda carreiras.

Do outro lado dessa história está João Fonseca, 18 anos, jogo agressivo e presença de quadra que costuma puxar a torcida. Em 2025, ele voltou a chamar atenção com a combinação de forehand pesado e energia contagiante — marca que o acompanhou desde os tempos de juvenil. Em Nova York, mostrou que não está ali só para aprender: venceu Miomir Kecmanovic na primeira rodada e confirmou o burburinho em torno do seu nome.

O contraste é evidente: Djokovic faz a 14ª campanha em Miami, Fonseca debutou no torneio neste ano; quase 20 anos separam os dois. Mas é justamente essa distância que cria um tipo de ponte interessante. O sérvio enxerga no brasileiro algo que o move: ambição, agressividade e vontade de competir em alto volume. Se virar parceria de verdade, o pacote não é só técnico — é um dossiê de sobrevivência no topo.

O que significaria Djokovic no comando de Fonseca

O que significaria Djokovic no comando de Fonseca

Djokovic sabe o que é ser moldado por uma equipe. Cresceu com Marian Vajda, refinou o saque e a mentalidade com Goran Ivanisevic, e ao longo da década reuniu fisiologistas, preparadores e analistas em torno de uma ideia simples: desempenho repetível sob pressão máxima. Se levar essa cartilha para Fonseca, o brasileiro teria acesso a um método testado em finais de Slam e em temporadas de 70, 80 jogos.

O ponto de partida seria potencializar o que já é forte. Fonseca se apoia no forehand e na presença ofensiva, especialmente em quadras rápidas. Com um técnico do tamanho de Djokovic, a tendência é transformar potência em porcentagem: mais pontos curtos quando preciso, mais trocas controladas quando o dia não está perfeito. Aquilo que separa uma boa semana no circuito de um ano consistente.

Há também o componente mental. Djokovic sempre tratou rotina como arma, do aquecimento ao último ponto. O recado para um atleta de 18 anos seria direto: concentração é treinável, não só talento. Isso passa por controlar a respiração em pontos de pressão, negociar com o nervosismo em tie-breaks e não deixar um set ruim contaminar o seguinte. Parece simples dito assim, mas é onde os jogos realmente viram.

O custo? A própria piada do sérvio sugere que não seria barato. Times de ponta no tênis envolvem técnico principal, preparador físico, fisioterapeuta e, às vezes, analista de dados — todos viajando pela temporada. Além do investimento financeiro, há a logística: construir calendário, definir blocos de treino e escolher onde correr riscos e onde colecionar vitórias para subir no ranking. Um técnico estrela eleva o nível, mas também exige uma estrutura em volta para a ideia dar certo.

Para o Brasil, a imagem é poderosa. O país viu Gustavo Kuerten chegar ao número 1, vibrou com finais e títulos no saibro, e depois passou anos buscando continuidade no topo. Ter o maior vencedor da era moderna disposto a orientar um talento brasileiro coloca holofote e responsabilidade. Atrai patrocinadores, abre portas para treinos com a elite e acelera o aprendizado — especialmente nas semanas em que os resultados não aparecem.

O que exatamente Djokovic poderia ajustar no jogo de Fonseca? Três frentes chamam atenção: devolver melhor, proteger o serviço sob pressão e variar altura e peso de bola para não oferecer ritmo ao adversário. É um roteiro clássico, mas aplicado com detalhe fino: posicionamento 20 centímetros mais para trás em segundos saques agressivos do rival; escolha de alvos mais conservadores nas devoluções quando o placar aperta; e uma janela maior para o uso do slice e das bolas mais altas quando o forehand sólido do oponente começa a entrar.

  • Saque e primeiro golpe: transformar bons serviços em pontos “curtos” e previsíveis, com padrões claros nas horas decisivas.
  • Devolução: consistência em blocar segundos saques e alternar profundidade para tirar tempo do adversário.
  • Gestão de pontos grandes: rotinas entre pontos, respiração e gatilhos mentais para tie-breaks e 0-30 contra.
  • Calendário e carga: escolher torneios que casem com o estágio de desenvolvimento, evitando picos e vales exagerados.

Há quem alerte para o risco do hype. É justo. O circuito está faminto por novas estrelas depois da era de Federer, Nadal e do próprio sérvio, e é fácil acelerar etapas quando o talento aparece. A diferença, aqui, é que o endosso vem de alguém que conhece o caminho inteiro — das primeiras quartas de Slam às temporadas de domínio. Isso não elimina percalços, mas reduz o improviso.

Vale lembrar: Djokovic não falou em datas, nem em acordo fechado. Ele ainda está jogando o US Open, e Fonseca está construindo experiência rodada a rodada. Por enquanto, é uma janela para o futuro — e uma negociação pública, em tom bem-humorado, que coloca o brasileiro no radar mais forte do tênis mundial.

Como isso se encaixa no curto prazo? Se o convite virar projeto, a tendência é começar com períodos de treino em blocos, talvez pós-temporada, com metas claras: elevar o aproveitamento de primeiro saque, reduzir erros não forçados em jogos longos e testar variações de altura e ritmo em quadras rápidas. De resto, leituras de vídeo e simulações de pontos grandes contra sparrings de alto nível.

O efeito colateral dessa conversa toda já foi sentido. Em Nova York, a vitória de estreia sobre Kecmanovic veio com quadra cheia e atenção redobrada nas transmissões. Com a torcida do lado, Fonseca usa o ambiente como combustível — algo que Djokovic, aliás, aprendeu a fazer ao longo da carreira, transformando vaias e pressão em foco. Essa é uma das lições mais difíceis de passar, porque depende de repetição em palcos grandes.

Em paralelo, surgem as comparações. É inevitável falar de Carlos Alcaraz quando o assunto é salto precoce, mas cada trajetória tem um relógio diferente. O espanhol cresceu com a moldura de Juan Carlos Ferrero, um ex-número 1, e o processo foi cheio de ajustes silenciosos antes dos títulos. Se a parceria com o sérvio acontecer, Fonseca teria também uma figura que já esteve no topo — o que encurta o tempo de aprendizado em áreas que não aparecem na estatística do jogo.

Também pesa a questão do corpo. Djokovic construiu carreira com cuidado quase obsessivo com alimentação, recuperação e sono. Para um atleta de 18 anos que tende a jogar de forma agressiva, essa parte é ouro: evita lesões bobas, sustenta semanas consecutivas e ajuda a manter a explosão que é marca do seu estilo. É um ganho silencioso, mas é ali que muitos talentos perdem tração na transição do juvenil para o profissional.

Seja qual for o desfecho, a frase do sérvio já cumpriu um papel: colocou Fonseca no mapa das grandes conversas do circuito. E não por um highlight ou um ponto maluco, e sim por um possível plano de longo prazo. Quando um multicampeão se oferece, mesmo que em tom de brincadeira, o vestiário presta atenção. E o resto do mundo também.

Por ora, Djokovic segue jogando o US Open e Fonseca tenta alongar a campanha para ganhar quilometragem. O futuro, se virar parceria, virá em etapas: alinhar expectativas, testar sessões de treino, medir encaixe de temperamentos. É assim que as grandes sociedades no tênis nascem — devagar, com metas simples que, somadas, fazem a diferença quando a bola pesa.


Autor

Bruno Braga

Bruno Braga

Sou um jornalista especializado em notícias, com uma paixão por escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Trabalho para um grande portal de notícias e adoro manter meu público informado sobre o que está acontecendo em nosso país.


Posts Relacionados

Escreva um comentário