Disney bloqueia filme de Star Wars de David Fincher após duas rejeições

outubro 24, 2025 Bruno Braga 2 Comentários
Disney bloqueia filme de Star Wars de David Fincher após duas rejeições

Quando David Fincher, diretor de Clube da Luta e Garota Exemplar, recebeu a oportunidade de comandar um novo filme de Star Wars, a indústria segurou a respiração. A Disney, porém, acabou por fechar o projeto não uma, mas duas vezes – primeira antes de O Despertar da Força (2015) e depois de A Ascensão Skywalker (2019). O que aconteceu nos bastidores revela o quão rígida a estratégia da corporação pode ser quando se trata da maior franquia da cultura pop.

Contexto histórico da franquia Star Wars

Desde o lançamento de Uma Nova Esperança (1977), o universo criado por George Lucas tem sido alvo de diversas abordagens criativas. Quando a The Walt Disney Company adquiriu a Lucasfilm Ltd. por US$ 4,05 bilhões em 21 de dezembro de 2012, assumiu também o controle das narrativas que antes eram exclusivas da Lucasfilm.

O primeiro grande teste da nova gestão veio com Star Wars: Episódio VII – O Despertar da ForçaLos Angeles, dirigido por J.J. Abrams. O sucesso de bilheteria deu sinal verde para a continuidade da trilogia, mas também plantou a semente de que o futuro da saga precisaria de uma voz que equilibrasse tradição e inovação.

Propostas de David Fincher e encontros com Lucasfilm

Fincher entrou em contato com Kathleen Kennedy, presidente da Lucasfilm desde 2012, em duas ocasiões distintas. A primeira, por volta de 2012‑2013, girava em torno de Episode VII. Em entrevista ao Total Film (edição 225), ele contou que "falou com a Kathy, mas senti que seria algo diferente do que a Disney‑Lucasfilm está planejando".

Segundo o diretor, sua proposta se baseava em uma visão mais sombria e intimista: "Minha ideia era tratar Star Wars como a história de dois escravos – C‑3PO e R2‑D2 – que mudam de dono e observam a loucura humana". Ele também admitiu que o tom de The Empire Strikes Back era sua referência principal, algo que, segundo ele, "não seria bem‑recebido pelos executivos que querem criaturas e espetáculos".

A segunda oportunidade surgiu depois que Episode IX – A Ascensão Skywalker estreou em 20 de dezembro de 2019. Fincher, ainda entusiasmado, descreveu o possível filme como "um projeto pós‑Skywalker" que exploraria novas fronteiras narrativas. Em entrevista à Empire, chegou a dizer que era "um trabalho de ouro". Contudo, novamente a Disney balançou a cabeça e recolheu o projeto.

Motivos da recusa da Disney

Motivos da recusa da Disney

Especialistas apontam ao menos duas razões centrais para o bloqueio. Primeiro, a abordagem de Fincher, focada em uma narrativa mais psicológica e menos "galáctica", poderia contradizer a estratégia de marca da Disney, que visa manter a coerência visual e tonal em todos os meios – filmes, séries, brinquedos e parques temáticos. Segundo, a pressão institucional para replicar o sucesso de O Despertar da Força e Rogue One fez com que os executivos temessem que um diretor conhecido por estilos noir e realistas gerasse um filme "difícil de vender" ao público familiar.

Fincher próprio admitiu que o medo de ser comparado a "George Lucas no set do primeiro filme" era um dos seus próprios receios, mas foi a "forte opinião interna" da Disney que selou o destino. Em 2020, Star Wars News Net publicou que a proposta havia sido "bloqueada por duas razões não especificadas", reforçando o clima de segredo que sempre circundou as decisões criativas dentro da corporação.

Reações da indústria e análise de especialistas

O cineasta Mark Cassidy, da Comicbookmovie.com, sugeriu que a Disney "prefere fórmulas testadas". Ele citou que, enquanto diretores como Rian Johnson (que trouxe O Último Jedi) ousaram subverter expectativas, ainda assim permaneceram dentro dos limites da estética Disney‑Lucasfilm. Fincher, por outro lado, teria introduzido um "tom mais adulto e ambíguo", possivelmente afastando a base de fãs mais jovem.

Outros comentaristas, como a crítica de cinema Ana Paula Rios, observaram que a rejeição de Fincher pode ser um alerta para futuros diretores: "se você quer dirigir Star Wars agora, precisa abraçar o universo de forma que o público e a empresa vejam como "parte da família". Qualquer desvio muito radical ainda terá de ser aprovado por múltiplos níveis de aprovação, desde a Lucasfilm até o Conselho da Disney.

Vale notar que a recusa também gerou especulação sobre projetos alternativos que a Disney poderia estar preparando. Rumores de um spin‑off centrado nos droides ou de uma série mais focada em personagens secundários ganharam força, mas ainda não há confirmação oficial.

Próximos passos da franquia Star Wars

Próximos passos da franquia Star Wars

Com a saída de Fincher, a Disney tem sinalizado interesse em expandir o universo via streaming. A série Obi‑Wan Kenobi e o próximo filme de Rogue Squadron (agora em desenvolvimento incerto) demonstram a tentativa de equilibrar nostalgia com novas histórias. Enquanto isso, Fincher continua ativo em projetos como Mank (2020) e tem contrato com a Creative Artists Agency (CAA) que pode abrir portas para futuras colaborações com outros universos cinematográficos.

Para os fãs, a grande lição permanece: o universo de Star Wars está em constante negociação entre arte e comércio. Quando diretores de renome como Fincher chegam à mesa, a conversa se torna ainda mais complexa – e, às vezes, o resultado é o silêncio de um projeto que nunca verá a luz.

Perguntas Frequentes

Por que a Disney recusou a proposta de Fincher para Star Wars?

Os executivos temiam que a visão mais sombria e focada nos droides se desviasse da estratégia de manter a franquia acessível a públicos amplos, além de desejar garantir continuidade estética com os filmes já lançados.

Qual foi a etapa em que Fincher chegou a discutir o filme pós‑Skywalker?

A conversa ocorreu entre 2019 e 2020, logo após o lançamento de Episode IX – A Ascensão Skywalker, como parte de um projeto ainda sem título que buscava explorar a galáxia após os eventos do último filme da trilogia.

Outros diretores já tiveram ideias semelhantes às de Fincher?

Rian Johnson propôs mudanças temáticas em The Last Jedi, e J.J. Abrams trouxe elementos nostálgicos em O Despertar da Força. Porém, nenhum deles adotou o foco exclusivo nos droides como Fincher desejava.

O que a recusa de Fincher indica para futuros projetos da Disney?

Mostra que a empresa prioriza coerência de marca e segurança comercial, exigindo que quaisquer direções criativas estejam alinhadas com a visão corporativa e com o apelo global da franquia.

Qual é o próximo grande passo da franquia após esses episódios?

A estratégia atual inclui séries no Disney+, como Obi‑Wan Kenobi, e possíveis spin‑offs de personagens secundários, além de um novo filme de longa‑metragem ainda em fase de desenvolvimento.


Bruno Braga

Bruno Braga

Sou um jornalista especializado em notícias, com uma paixão por escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Trabalho para um grande portal de notícias e adoro manter meu público informado sobre o que está acontecendo em nosso país.


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2 Comentários


Priscila Araujo

Priscila Araujo

outubro 24, 2025

Apesar da frustração, ainda há esperança de que a Disney abra espaço para direções mais ousadas no futuro.

Glauce Rodriguez

Glauce Rodriguez

novembro 8, 2025

É lamentável observar como a Disney, ao priorizar a rentabilidade sobre a inovação, tem relegado talentos como David Fincher a meras possibilidades descartadas. A corporação parece mais interessada em perpetuar um modelo de entretenimento massificado que em arriscar narrativas mais complexas. Essa postura, embora compreensível sob a ótica de investidores, compromete a riqueza artística que a franquia poderia oferecer. Além disso, a recusa inconsistente evidencia uma falta de visão estratégica de longo prazo. Em última análise, o medo de desafiar o público familiar revela uma miopia corporativa que não beneficia nem a marca nem os fãs.


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