Ibope: Band despenca e sequência encosta no zero em dia dominado pela Globo

Artigo do Blog

setembro 20, 2025 Bruno Braga 0 Comentários
Ibope: Band despenca e sequência encosta no zero em dia dominado pela Globo

Band encosta no zero enquanto a Globo dispara

A quinta-feira, 4 de setembro de 2025, foi dura para a Band. Uma sequência de atrações quase encostou no zero na medição do Ibope, num dia em que a Globo sobrou. No mesmo intervalo, a líder de audiência empilhou números sólidos no horário nobre: Dona de Mim marcou 21,9 pontos, o Jornal Nacional anotou 23,7 e Vale Tudo foi o pico da noite com 25,7 pontos. A noite ainda teve o empurrão do noticiário esportivo por causa das Eliminatórias da Copa do Mundo, o que tradicionalmente concentra olhares na TV aberta e aperta a concorrência.

O contraste foi gritante. Enquanto a Globo manteve ritmo de clássico em horário nobre, a Band oscilou para baixo em uma faixa em que, em dias normais, busca ao menos um dígito fracionado para se manter no páreo. O quase zero não é comum em praças como São Paulo e Rio em horários comerciais, e acende alerta: há algo na combinação de grade, conteúdo e concorrência que não está funcionando.

Quando uma rede encosta no zero, o problema raramente é só de um programa. É efeito dominó. Uma atração fraca entrega mal para a seguinte, derruba a permanência e faz o público migrar para quem oferece narrativa contínua e forte. Com a Globo em alta, as janelas de fuga ficam menores. Quem perde a primeira batalha — a escolha do canal — costuma perder a noite inteira.

O que explica o tombo da Band e como ler os números

O que explica o tombo da Band e como ler os números

Ponto de audiência é a moeda do jogo. Em termos simples, 1 ponto equivale a cerca de 1% dos domicílios com TV ligados na praça medida, como a Grande São Paulo. Não é perfeito, mas é o padrão do mercado. Num dia de futebol ou de grandes novelas, o bolo cresce para a líder, e as demais redes disputam migalhas. Foi esse o cenário da quinta-feira.

No caso da Band, alguns fatores pesam juntos: a concorrência direta com produtos de apelo massivo, a fragilidade de algumas faixas da grade e a dificuldade de reter o público entre blocos e intervalos longos. Quando o público está muito engajado com um noticiário forte seguido de novela quente, a troca de canal cai. A noite da Globo entregou justamente isso: jornal com alto interesse, novela com fôlego e um título clássico que vem surfando a nostalgia com números altos.

A Band, historicamente, se apoia em notícias e esportes para tracionar o horário nobre e o final da tarde. Quando não há eventos ao vivo ou realities culinários em horário estratégico, a rede sente mais. A força do futebol também reorganiza hábitos: quem começa no pré-jogo e no pós-jogo tende a ficar onde a conversa continua, seja em jornal, seja em novela. Nessa quinta, o efeito bola pesou.

Outro ponto pouco visível, mas decisivo, é a “entrega”. Se um programa entrega audiência baixa para o seguinte, a chance de reação despenca. Isso machuca especialmente atrações de custo médio, que dependem de um patamar mínimo para justificar a compra de mídia dos anunciantes. E sim, intervalos longos e mal distribuídos aceleram a fuga — basta um break mal colocado para o público voltar à líder.

Em receitas, o impacto é direto. Menos audiência significa menos inventário qualificado. Um dia ruim não derruba um mês, mas várias noites fracas forçam renegociação de pacotes, aumentam a dependência de bonificações e reduzem o CPM médio. As marcas que compram alcance imediato correm para quem está liderando; quem permanece busca preço. É um círculo que exige reação rápida.

Há também o contexto mais amplo. A disputa não é apenas entre TV aberta. Streaming e redes sociais fragmentam a atenção, principalmente nos intervalos. Para a TV, isso virou faca de dois gumes: quando a trama é boa, a retenção dispara; quando o conteúdo cansa, o público escapa para o celular em segundos. O canal que não oferece continuidade — o famoso “gancho” entre atrações — perde relevância.

O desempenho da Globo na noite ajuda a explicar o resto. Dona de Mim sustentou a prévia do noticiário, o Jornal Nacional ampliou o alcance e Vale Tudo, em alta, fechou a torneira das alternativas. Em noites assim, Record e SBT normalmente se protegem com formatos de base fiel e ajustes de grade. Sem um evento de peso para chamar de seu, a Band fica sem tração e vê o ponteiro minguar.

O que fazer? O caminho passa por três frentes. Ajuste fino de grade para evitar choques frontais em horários críticos; produtos com vocação de retenção, que mantenham o público colado entre blocos; e uso inteligente de janelas esportivas e jornalísticas para criar “corredores” de audiência. O espectador precisa de motivo claro para não mudar de canal — e esse motivo tem que aparecer rápido.

Vale lembrar: quase zerar não define um canal, mas expõe a fragilidade de uma faixa. A Band tem ilhas de força, especialmente em esportes e jornalismo, e já provou que consegue reagir quando alinha conteúdo e horário. O desafio é transformar ilhas em corredor contínuo, principalmente nas noites em que a líder estoura a boca do balão.

Por fim, a régua do sucesso continua simples: relevância, hábito e regularidade. Em um dia dominado por futebol e novelas quentes, a Band ficou sem as três ao mesmo tempo. O mercado observa, ajusta, e a próxima grade dirá se foi tropeço isolado ou sinal de alerta mais sério.


Autor

Bruno Braga

Bruno Braga

Sou um jornalista especializado em notícias, com uma paixão por escrever sobre os acontecimentos diários no Brasil. Trabalho para um grande portal de notícias e adoro manter meu público informado sobre o que está acontecendo em nosso país.


Posts Relacionados

Escreva um comentário